domingo, 28 de dezembro de 2014

Fênix


                “Uma última foto pessoal!”
                Todos se preparam. Escolhem ficar do lado de quem mais gostam, de quem mais possuem intimidade. Abraçam, beijam, levantam dedinhos, e mais uma variedade de poses é feita para essa última foto. Não estou excluído dessas facetas, afinal, faço parte desse grupo... Corrijo: Fiz parte desse grupo.

                Eu os vejo. Eu os sinto... Eu os vi, e eu os senti. Ainda não consigo entender esse misto de crueldade e maravilha que é A Vida e O Tempo. É uma beleza muito estranha aos meus olhos.



Autor: Bertil Nilsson
(Renascimento da Fênix)



                O poder divino dos deuses, a transcendência do corpo, a renascença da alma, a existência de seres míticos, contos e estórias, e entre outras várias fantasias foram criações do ser tão único que é o homem. Uma eterna busca por algo que o fizesse, de alguma forma, "vencer" o tempo. A necessidade do homem de ganhar das suas “fraquezas” sempre existiu, e não é hoje que irá acabar.

                A imortalidade, o maior anseio desse homem, é uma maldição ou uma dádiva? Relativo. Quanto tempo duraria essa imortalidade? Quinhentos anos? Cem mil anos? Nove vezes o tempo de existência de um corvo? A idade de uma Fênix?
                Pergunto, pois, paradoxalmente, nem mesmo uma Fênix, ser criado por esse homem, e símbolo da imortalidade, é imortal. A ave do grandioso ciclo, ao final da sua vida, quando teve de deixar de existir, lança aos ventos suas cinzas a fim de mostrar de que ninguém escapa do caminho tão certo que é a morte.
                Mas é nesse mesmo negro de dor e sofrimento que nasce uma pequena faísca, um sopro de vida, que é uma nova Fênix... Uma esperança seria? Indícios da imortalidade? Mais um ciclo!

                Quanto tempo dura esse grandioso ciclo de morte e renascença da Fênix? Quantas vezes uma Fênix tem de morrer e renascer para alcançar um objetivo que nem mesmo se tem certeza, se é que existe um objetivo? Nós, humanos como somos, poderíamos ser o ciclo por um todo ou um resultado de cada ciclo completado? A junção dos dois? Ou seja, em uma vida, morremos só uma vez?






Não.
E essa é a única resposta que posso lhes dar.


                Quantas vezes morrestes e renascestes durante a vida? Quantos Eu’s deixastes de ser no percorrer do caminho? A Vida, sendo a nossa grande guia, é um grande martelo que nos lapida com o passar do tempo, ou talvez nós nos lapidamos com o que A Vida nos oferece. Sendo uma questão de perspectiva, é inegável o fato de que, inevitavelmente, deixamos de ser quem nós somos, ou seja, de que O Tempo tira a nossa identidade (ou seríamos nós, seres de razão, a tirarmos a nossa própria identidade?...) Não culpo o tempo, apenas sei, em minha condição humana, que sou mutável.
                Não sou o mesmo de dez anos atrás, e nem serei o mesmo daqui a dez anos. Ontem fui um eu, hoje já sou um novo eu, e amanhã serei um outro. O que causa tudo isso? Amores e amizades? Intrigas e desentendimentos? Não ignoro tais fatores por serem sim causadores de nossa mudança, mas acredito que são nas despedidas que está a essência dessa Fênix.


                Me perdoem, sou um Homem de fins, e não de começos. Para mim, começos são consequências. Não nego que um novo amor e uma nova amizade, ou seja, novos relacionamentos nos renovem. Estes, além dos infinitos e novos problemas que persistem em existir nos nossos caminhos, são os que moldarão esse nosso novo Eu, essa nova faísca, essa nova Fênix, mas vejo que são os fins, as despedidas que são responsáveis por criar essa nova pessoa.


Os fins são as chamas que queimam a velha Fênix.

               
                Quando me despeço de uma ou várias pessoas, o eu que eu era para elas deixa de existir no momento do adeus. Nenhum outro grupo poderá reviver essa pessoa que existiu na linha do meu tempo, e mesmo reencontrando esses antigos entes, ou relembrando-os, apenas terei um vislumbre de quem eu já foi.

                Quando encontras, depois de muito tempo, por destino ou acaso, aquele seu amigo de infância e, depois das saudações, começam a lembrar de todos os momentos bons e ruins que viveram juntos, ou quando simplesmente se sentas na cadeira e, por algum motivo, começas a lembrar dos momentos que já vivera, percebes que nessas e outras horas o quanto já morrestes e renascestes durante a tua vida.


Aí que está a relação íntima entre Tempo e Lembranças.


                No fim, ironicamente ou não, somos culpados pela nossa própria morte. Assim como a Fênix, quem constrói nossas piras que, logo logo, se atearão ao fogo, somos nós mesmos.






               Mudar, morrer, dói. Pior ainda é que, como a Fênix, sabemos de antemão quando a hora chega, exceto às raras vezes em que não estamos preparados. Como no ritual, em meio a todo o terreno que se desmorona, tristes melodias são entoadas pelo nosso antigo ser tão desgastado.

                Choramos como se fosse a nossa última vez... Por que choramos? Não somente por doer, mas saibam que lágrimas de Fênix curam. Curam nossas feridas, curam nosso ser.
                São lágrimas que descarregam todo o peso de dor e sofrimento que o antigo eu tanto tinha depois de viver uma vida de imortalidade.


                Esperança, mutabilidade, renovação e imortalidade... Tudo.


Quem nós somos?
Somos Fênix na vida






                Uma última foto? Sim, uma última foto, para que as cinzas do Eu que já fui não sejam simplesmente levadas pelos ventos e esquecida pelo o resto de minha vida.
                Vocês, acima de tudo, existiram para mim. Eu os vi, eu os senti. Sei quem já foram, e agradeço profundamente por terem sido quem foram.


                Sei que minha morte é inevitável. Despedidas são inevitáveis. Renascer é inevitável. Quão cruéis O Tempo e A Vida são! Mas que estes me deem o direito de guardar estas minhas cinzas na minha vasta memória, que, na verdade, é uma enorme Cruz que carrego em minhas costas.
                Fraqueza ou não, me perdoem, Tempo e Vida, mas não quero me esquecer das cinzas de um tempo que já fora, das cinzas da minha história.







                Quanto tempo dura esse grandioso ciclo? Quantas vezes terei de morrer e renascer nessa vida? Quanto tempo dura essa imortalidade?

Seria a idade de uma Fênix?





Abraços do CR!!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ser Jovem

                Não, não havera nada de especial nesta manhã que acordei. O céu não aparecera mais azul, o sol não nascera mais brilhante e o dia talvez seja como qualquer outro da minha longa e normal rotina. Que chatinho...
                Apesar disso, levanto-me e olho-me no espelho. Vejo-me e toco-me como se não me reconhecesse. De alguma forma não conseguia me identificar. Era estranho a mim mesmo. Será? Nem parece verdade... Eu realmente estou envelhecendo.




                É bem provável de que o clarão tenha sido a primeira imagem que viera aos nossos minúsculos olhos. Passamos tanto tempo dentro de um quarto escuro que no primeiro sinal de luz mal conseguimos olhar diante de tanta claridade. “Olá mundo”, “Aonde eu estou?”, “O que está acontecendo?”, e entre outras tantas variadas frases e perguntas talvez tenhamo-nos feitos naquele momento, ou mesmo nenhuma.

                Indago-me: Por que choramos quando nascemos? Ou melhor: Por que temos de nascer!? Aposto que estávamos tão relaxados e bem acomodados naquele pequenino lugar que acredito que não houvesse tanta necessidade de sair dali. Era silencioso, escurinho e bem reconfortante. Nada  nos incomodava.

                Apesar disso, e se vermos por um lado, talvez seja essa a resposta para a primeira pergunta. Sabemos o quão difícil é sair da nossa zona de conforto, e foi tão difícil para nós no começo que simplesmente choramos.
                De alguma forma, parece que naquele momento perdíamos toda aquela proteção que nossa querida mãe nos oferecia, e que a partir dali estaríamos mais vulneráveis ao que está fora... Não, não posso tratar apenas como uma suposição. Realmente perdemos essa proteção e ficamos mais vulneráveis no momento em que nascemos.

                Vendo assim, a verdadeira frase que realmente devemos ter pensado naquele momento fora:

“Eu não estou preparado”

                Pois não nascemos prontos para viver, e choramos, pois, mesmo sendo assim, não tivemos a opção de escolher.


                Frente a este momento, a primeira vista, tão desesperador, porque teríamos esperança? Não tivemos motivos para tal! Até que, para a nossa felicidade, quando vamos em nossa primeira procura por uma base, sentimos, em nossas pequeninas mãos, um dedo! Sim, um dedo! Um dedo que um pouco mais tarde se tornaria uma mão. Mão esta que nos guiaria por um curto, mas longo período de nossas vidas.

                E é com essas duas pessoas (e não mais mãos) que vamos crescendo com o passar do tempo. Tudo até que fica mais “fácil”! Tão fácil que até chegamos a conclusão que A Vida lá fora não é tão complicada e difícil como imaginávamos que seria dentro do útero, e que ela é até mesmo mágica!



Eu sou um Monstro! Rhooaaar! E você deve fazer o que eu mandar!



                É com essa magia e fantasia que norteamos o nosso rumo. Lutamos contra cavaleiros e dragões, salvando, assim, a pátria! Viramos Os Heróis! Tornamo-nos As Super-Crianças! Somos pequenos príncipes e princesas que reinam o mundo fantástico.
                Impressionante o quanto inocentes somos ao ponto de acharmos que o amor de pai e mãe é o único que existe, e que se apaixonar por outro é motivo o suficiente para ficarmos todos vermelhinhos de vergonha, principalmente quando ficamos, pela primeira vez, de mãos dadas!

                A verdade é que temos coroas e espadas e absolutamente nada pode nos derrotar! ...

Nada?

                 E é aí que tropeçamos numa pequena, pequenina pedrinha, e machucamos nossos joelhos. “Mãe, Pai!” são os primeiros nomes que gritamos (isso se já não estivermos sentados aos choros e soluços no chão).
                 Para nos acolher esses chegam de braços abertos , mas, para a nossa infelicidade, com o famoso Merthiolate em mãos.


“Ai Mãe, tá doendo!”
 “É, mas vai passar”


                Ironicamente é dessa forma que vamos aprendendo a conviver com a dor. Vemos que não adianta sentar e chorar. A dor é grande e uma lágrima ou outra é aceitável, mas com um pouco de Merthiolate e com um pouco de coragem e disposição devemos nos levantar.
                 Notavelmente é assim que vamos crescendo, e, inevitavelmente, endurecendo. E são esses “mentes” que, infelizmente, nos tornam cada vez menos príncipes e princesas.

                De repente, as coroas e as espadas que tínhamos não existem mais. Os dragões se tornaram moinhos de ventos e não salvamos mais a pátria. O amor e a paixão? Sim, existem... Não... Pensando bem, corrijo! Não é que os primeiros deixaram de existir e que o último continua existindo, mas a verdade é que agora estes se transformaram!


"Não discorde de mim!
Eu sei a verdade!"
"Eu posso cuidar de mim mesmo!"
"O mundo está em minhas mãos e não venha querer me impedir de viver, pois Eu Sou Jovem!"
               

      (Isso me faz lembrar até mesmo de algumas partes da famosa música de Renato Russo, "Pais e Filhos").

                E é nessa autoridade que vamos guiando nosso rumo. Passamos a acreditar fielmente que agora somos adultos e donos do próprio nariz. Príncipes e Princesas? Não mais! Somos Reis e Rainhas que mandam e desmandam a hora que bem quiser, e o nosso reino não é mais o mundo fantástico, mas o próprio mundo.

                É engraçado, pois quem disse que a vida perde a magia depois da infância? Quando somos jovens, A Vida, na verdade, fica sem limites. É um universo sem fim a ser explorado por viajantes sedentos por novidades. O impossível se torna realidade nas mãos destes desbravadores. A Vida, até mesmo, ganha mais sentido!

                Mais engraçado ainda é que a jovialidade é esse misto de autoridade e insegurança. Primeiro Beijo, primeiro namorado(a), primeira transa, primeiro “porre”, e outras tantas primeiras vezes são coisas simplesmente fantásticas para nós, mas que levaram tempo até serem realizadas, afinal, o medo do que é novo existe.

                Claro que, sendo Jovens, não deixamos esse tomar conta, pois, independente disso, mesmo com tanta inexperiência, continuamos sendo os “Ban-Ban-Bans” da área. Sabem porque? Porque agora somos Os Super Jovens!


Indomáveis

Invencíveis


                É... Invencíveis...


“Filho, não vá por aí”
“Filho, você vai se arrepender”

                Consideramo-nos tão impossíveis ao ponto de revoltarmo-nos quando aquela mão (sim, aquele antigo dedo) vem querer nos dar uma forcinha, ou querer nos guiar pelo caminho que acredita estar certo.
                Não queremos isso! Queremos caminhar com as nossas próprias ideologias! E quando não nos damos mal com o caminho que escolhemos, zombamos dos que disseram: Está errado... O problema é quando realmente erramos.

                Ou somos jovens o suficientes para se esconder em um canto do nosso quarto e chorar escondido, ou somos adultos/crianças (e é essa ideia paradoxal mesmo) o suficientes para reconhecer nossa queda, e voltar, de cabeça baixa, para aquelas mãos, para aqueles braços que, por incrível que pareça, nos recebem mais uma vez abertamente. Sem Merthiolathe, e sem dores, mas com um abraço bem apertado, provando-nos que "sempre" estarão ali.


                Falo que os primeiros são jovens por terem um ego tão alto ao ponto de se “desumanizar”, pois a lágrima (para muitos que estão nessa época) é sinal de fraqueza, e a última coisa que querem é se verem como “fracos”.
                Digo “crianças” por reconhecermos de que ainda não somos maduros o suficientes para a vida, e de que ainda precisamos daquelas mãos. E digo adultos por aceitarmos que, naquele momento, realmente erramos.

                O misto de autoridade e insegurança é, na verdade, um misto de ser criança e ser adulto.



                Acredito que o que nos faz jovens é esse ego alto e esse "autoritarismo", pois, mesmo nessas quedas, continuamos, aos nossos olhos, sendo IN-VEN-CÍ-VEIS...

                ... E realmente somos! Qual graça teria a vida se não fosse por esse sentimento de jovialidade, por essa sensação de invencibilidade? De viver e aproveitar o agora, deixando o depois para o depois?
                Por um momento, por um pequeno momento, até somos Imortais! Mas, infelizmente, somos assim só por um curto período, pois é quando saímos de nossos ninhos, e não temos mais aquelas mãos, aquele dedo, para nos acolher e guiar, que notamos o quão vulneráveis, mortais, somos.
                Melhor dizendo: É quando notamos que não somos mais tão jovens assim que percebemos a nossa fraqueza.





                Eis mais um fato da vida: O dedo que seguramos tão fortemente quando nascemos não existirá para sempre.
                Não,não estou falando apenas do momento em que estes irão embora, mas estou falando principalmente de quando deixamos de ser aqueles mistos e passamos a realmente ser responsáveis por si mesmos, ou seja, quando nos tornamos adultos.

                Mesmo que não queiramos, é inevitável. Não seremos jovens para sempre. Sim, irá acontecer mais uma vez! Assim como o nosso começo, quando nos tornarmos adultos, seremos arrancados da nossa zona de conforto, do nosso quartinho.
                Infelizmente, a partir deste fato, quem nos guiará não será mais aquele dedo, mas as mãos da Vida. A única diferença da vez em que nascemos é que a frase “Eu não estou preparado” é opcional.


                Feliz para os que dizem “Eu estou preparado para viver”, mas triste para os que continuam despreparados. Felizmente, ou infelizmente, quem vos ensinarás agora é A Vida, e, como soubemos quando caímos daquela pedrinha, aprender com esta dói.


                Então, pergunto-lhes mais uma vez: Um novo mundo se abre e desta vez realmente estamos a sós, então, porque ter esperança frente a este momento tão desesperador?

                Cabe a cada um dar sua resposta, mas a minha é bem simples:

Não deixar esse espírito jovial, invencível e indomável, se extinguir!


                Caros leitores, vejam que narrei uma história em que nascemos e somos guiados por nossos pais até o momento em que realmente temos de voar do nosso doce e querido ninho, mas o real nem sempre funciona assim.




        Nem sempre aquelas mãos, aquele dedo, se farão presentes por motivos diversos (da perda até o abandono).




 Nem sempre a relação com esses será harmônica, pois conviver é difícil.




     Também há aqueles que não tiveram sequer a oportunidade de abrir os olhos pela primeira vez.




  Aqueles que ficaram sem a oportunidade de voar.




             E aqueles que, de certa forma, ficaram presos no tempo. Jovens que eternamente serão Jovens.



                Mas, notem, nem por isso esses ou aqueles deixaram de conduzir sua vida, de viver, afinal... São Jovens! Jovens demais para se preocuparem com o amanhã, indomáveis demais para simplesmente pararem, e invencíveis demais para simplesmente serem mortais!


                 Sempre repeti aqui no blog: A vida não é um mar de flores. E ainda digo mais: A vida, na verdade, é um grande processo de abrir mão das coisas. Ela é inconstante, sempre a querer se movimentar e mudar.
                 Em toda ação há uma reação, e entendo que cada um tem sua forma única de responder e solucionar a essas cristas e vales da Vida. Não quero dizer que a solução é ser Jovem para sempre, mas também não quero e não posso deixar o meu Jovem e o meu Príncipe morrerem só porque estou envelhecendo.

                Para mim, a verdade é que a vida fica mais bela quando não deixamos que ela nos endureça tanto, ou seja, quando não deixamos nosso espírito jovial se extinguir.
                 Acredito que ela deva ser esse misto de ser novo e ser velho, que deva ser mágica, idealizada, e palpável, real, e também esse paradoxo de mortalidade e imortalidade. Em fim, que ela tenha equilíbrio entre o Ser Jovem e o Ser Adulto.


                Sejamos Jovens, infinitos, indomáveis, invencíveis e o tanto de "ins" que você puder imaginar! Viajantes desbravadores, príncipes(as) e Reis/Rainhas! E que tudo seja belo e mágico como as nossas primeiras vezes!



Super - Jovens!





Dezoito aninhos

                Olho para trás e vejo o tanto de experiências que acumulei. Vejo o além, e, ao mesmo tempo em que sinto medo, sinto curiosidade e disposição para continuar caminhando até onde o acaso ou o destino deixarem eu ir.
                Por fim, olho-me e, agora sim, me reconheço: Este sou eu! Ainda jovem, mas entrando para a vida adulta.

Simplesmente CR!




               Esse ano a música e o vídeo que escolhi refletem bem o que quis passar. É da banda da minha vida, a mais preciosa pra mim: Sigur Rós.
  (A tradução do título "Hoppípola" é "Saltando em poças")




                Parece que o “Devaneios de um Jovem Gay” nem será mais tão jovem assim...
                Não! Corrijo! (Risos). Não quero, não pretendo, e não vou deixar o jovem em mim simplesmente se desvanecer.


Um Feliz Aniversário para mim!

Abraços do CR!!



sábado, 17 de maio de 2014

A relação íntima entre Tempo e Lembranças


No fim de tudo é sempre isso que nos sobra: Lembranças...


                Todos possuem medo de algo e isso é um fato. Apesar disso, meu medo nunca foi de algo materializado, algo que eu pudesse tocar ou sentir, mas sim de algo totalmente o contrário, algo abstrato, que se encontra presente em nós e em praticamente tudo ao nosso redor: O Tempo.
                O Tempo é algo inevitável e uma das formas que percebemos a existência dele é quando, por exemplo, vemos coisas simples como uma planta crescer, quando vemos nossa imagem refletida no espelho, ou quando olhamos fotos nossas de uma época que já se fora. Sim, é aí que percebemos o que o tempo nos ocasiona e o quanto ele nos faz vulneráveis, e, para ser sincero e mais específico, é disso que tenho medo: de envelhecer.




                Não. Não é porque os anos tomarão a jovialidade de minha pele, ou porque estarei mais “próximo” de minha morte, mas a imagem que possuo das pessoas que tem uma idade avançada é a de que são pessoas cheias de lembranças, e lembranças, de certa forma, doem. Esse é meu medo: De tornar-me uma pessoa velha cheia de lembranças.
                Não. Não que eu queira viver do meu passado, mas é inevitável você não sentir saudades daqueles bons momentos. Sim, sim, agradeço e fico feliz por ter vivido esses momentos, mas, de certa forma, ‘érr’ complicado dizer Adeus.

                Apesar disso, não acho que seja necessário chegar à idade avançada para sentir isso, pois olhem para mim: Já possuo 17 anos (em breve 18) e já estou sentindo um pouco do peso das lembranças.
                 Lembrar-me dos bons momentos me dá saudades. O problema é que saudades é uma coisa que você guarda e não pode mais “usar”. Foi bom e é bom se lembrar, mas não dá mais para vivenciar.

                Apesar de tudo, poderia eu “suprir” essa saudade dando um “Olá, tudo bem?” para quem ainda está aqui, mas para quem já se foi isso não é possível. A Morte de alguém especial é algo que te tira da sua zona de conforto e ainda vira ela de cabeça para baixo, ou seja, te deixa sem chão. Além disso, ela quebra toda a sua rotina, por isso que primeiramente torna-se tão dolorosa essa perda, principalmente quando ela é tão repentina.
                Aceitar esse fato é complicado, mas mais complicado ainda é que você, de alguma forma, e não importa como, vai ter que recomeçar, vai ter que reconstruir toda essa zona de conforto novamente e, além disso, vai ter que se conformar de que essa nova zona, essa nova rotina que se pretende construir, é na ausência desta pessoa.
                 Sim, funciona mais como um exercício de desprendimento.


E o tempo não para.

                Desprendimento: No começo de tudo pensar nisso é o que mais dói, ou, melhor ainda, é o impensável, pois estamos tão atrelados, tão juntos, a essa pessoa que não aceitamos de forma alguma que ela se vá. Somos até mesmo capazes de mover céus e montanhas para trazê-la de volta aos nossos braços, mesmo que isso não seja possível.
                Apesar disso, existe um ponto-chave, uma “salvação” (será mesmo essa palavra?), que se chama Tempo. Sim, é ele que mais uma vez se torna presente em nossas vidas. Ademais, vejo que a maioria das pessoas possuem uma interpretação “errada” entre essa relação do tempo e desprendimento:


“Não meus caros leitores, não esperem que o tempo venha a melhorar tudo, porque ele não vai! A única coisa que ele vai fazer é distanciar você dessa pessoa especial, e isso é feito a medida que ele vai passando.
Entendam que o tempo, de certa forma e assim como a Morte, é indiferente para todos. Ele não vai te trazer felicidade, assim como ele não vai te trazer tristezas. Ele não faz justiça e não é injusto. Ele apenas irá passar!”


                Não estou sendo cruel, pessimista, ou coisas do tipo! Apenas entendam o meu ponto de vista: A presença dessa pessoa esvai-se na medida em que o tempo continua, e é isso que faz você “melhorar”, pois você se “acostuma” com a ausência dessa pessoa, ou melhor, você esquece, abandona, toda a rotina antiga (em que nesta a pessoa se encontrava presente) e aos poucos cria uma nova, que no qual essa pessoa não se encontrará presente.

                E o que nos resta? Bom... A mesma coisa que disse no começo desse texto: Lembranças de um tempo vivido que se foi há muito tempo. Se eu, o CR, devo ter medo de tornar-me um velho cheio de lembranças? Talvez sim, talvez não, mas não importa, afinal, isso faz parte da Vida, isso faz parte da sua beleza estranha, mas única! Pessoas vêm e vão, assim como amores vem e vão, e A Morte não se faz necessária para que isso aconteça.


Querem saber de uma verdade? A Vida é um grande processo de abrir mão, e não esperem que ela lhes deem a oportunidade de dizer um ‘Foi bom te conhecer’. Pode ser doloroso não ter essa, mas apenas sintam-se felizes por ainda terem tido a oportunidade de ter conhecido uma pessoa tão especial.
No fim das contas um dia tudo isso acaba para todos nós, e, quem sabe, talvez nos reencontremos novamente em algum outro lugar, afinal, isso pode não ser provável, mas continua sendo uma possibilidade.




Abraços do CR!!

sábado, 19 de abril de 2014

Carvalho & Rodrigues

   Não meus Caros Leitores, esta não será uma postagem de incentivo, de ajuda, de reflexão ou de um devaneio qualquer. Para falar a verdade, gostaria que esse texto fosse para falar da felicidade de começar o meu primeiro namoro, mas, mediante ao que aconteceu tão recentemente este texto, na verdade, será um grande desabafo meu para com vocês.



   Eu acreditava que só conheceria minha primeira grande paixão ao acaso, ou seja, conheceria no meio da rua, na parada de ônibus, em um consultório, ou em qualquer outro local em que fosse improvável esta estar lá.
   Apesar disso, conheci o Thalis através de um grande amigo meu. O P (meu amigo) havia entrado na faculdade recentemente, e, sabendo eu que a faculdade é um universo totalmente diferente da escola, pedi para ele se havia a possibilidade dele me apresentar alguém interessante, e, por minha felicidade, esse alguém existia.
   Melhor ainda foi perceber que esse alguém era bem parecido comigo e vice-versa. Thalis tinha a mesma idade, 17 anos, era Libriano (mesmo signo), era totalmente inexperiente assim como eu, tinha um jeitinho meio desengonçado, lerdinho, sempre mostrando aquele grande sorriso que tinha, além de bem sociável, e quase sempre pensava e agia da mesma forma em que eu pensaria ou agiria. Sim! Ele era a pessoa que eu tanto estava procurando. Era o sonho do amor adolescente se realizando para mim.

   Claro que não poderia perder a oportunidade, então chamei-o para assistir “Pompéia” (filme muito bestinha por sinal), só nós dois. Afirmo que o cinema foi um lugar propício para o romance e realmente rolou muita química entre a gente, mas o melhor de tudo foi que pela primeira vez andei de mãos dadas abertamente pelo shooping sem me preocupar com a opinião alheia. Sim! Aquele encontro tinha dado certo.
   Diferentemente dos outros primeiros encontros com outras pessoas, o papo não parava e a identificação só aumentava. Logicamente não poderia terminar por aí, então rolou mais um cineminha (dessa vez acompanhado ao P e o namorado dele), mas confesso que dessa vez minha atenção estava voltada inteiramente ao Thalis. Rs!
   O que mais me impressionou foi o fato de que os encontros estavam dando certo, e deu tão certo que no terceiro encontro, pela primeira vez, fui conhecer a família e os pais na casa dele... E, acreditem, fiquei MUITO nervoso quando o pai dele veio falar comigo.


   Acredito que tenha dado para perceber que tive algumas das minhas “primeiras vezes” com ele, e, assim, vendo que existiria uma grande possibilidade de haver um futuro promissor se nos juntássemos, comprei um cordão de ouro para ele e decidi que no quarto encontro iria pedi-lo em namoro:


“Thalis, quero que você saiba que estava há um bom tempo procurando uma pessoa especial. Estava procurando uma pessoa com que eu me sentisse à vontade e que me identificasse com ela.
Quero te dizer que finalmente encontrei essa pessoa. E quero que você saiba que estou disposto a arriscar meu primeiro namoro com esta pessoa!

Thalis... Quer namorar comigo?”


   Foi no dia 16 de Março e em minha casa que ele me disse um SIM, e eu nunca tinha me sentido tão feliz. Finalmente estava namorando pela primeira vez. Finalmente tinha conseguido o primeiro namorado! É impressionante de como a vontade de gritar para o mundo e dizer “EU TENHO UM NAMORADO!!” existe e é gigantesca!

   E foi-se assim: No quinto encontro ele me levou para conhecer a faculdade que no qual ele estava cursando “Ciências Biológicas”. Sinceramente, valeu muito a pena ter faltado a aula de sexta-feira só para conhecer lá, pois você percebe que é um mundo totalmente diferente e que as pessoas são bem liberais.
   Para o sexto encontro fui para a beira-mar andar de patins junto com o P e o namorado dele (só para garantir algumas quedas) . E no sétimo encontro posso lhes afirmar com toda a certeza de que foi o melhor encontro que já tive em minha vida: Ele veio passar o final de semana aqui em casa, veio dormir comigo!
   Sabem o que é passar o dia inteiro grudado na pessoa que você gosta? Se não sabem posso lhes afirmar com toda certeza:

 Não existe sensação melhor do que você dormir ao lado daquele que você tanto gosta. Passar o dia beijando, acariciando, juntinho e apertadinho do seu amo!
Eu NUNCA me esquecerei desse dia!


   E durante esse tempo que ficamos juntos nunca tinha visto um olhar tão sincero como o dele. Diferentemente dos outros olhares, era o olhar de uma pessoa apaixonada, como se diante desta pessoa estivesse a coisa mais preciosa em sua vida. Pela primeira vez havia encontrado um olhar que me agradasse e que correspondesse ao que eu também estava sentindo.

   Infelizmente não houve um oitavo encontro, pois não o pude ver no final de semana (Do dia 5 e 6), afinal, teria que fazer um simulado, mas, de qualquer forma, tudo estaria bem, afinal, iria vê-lo Domingo no cinema e decidir com ele se iríamos assistir “Noé” ou “Hoje eu quero voltar sozinho”... Mas... Na verdade, só iríamos...



10/04/14
-CR: Alô?
- Thays: É o CR?
- CR: Sim, sou eu.
-Thays: CR, sou eu, a irmã do Thalis.
- CR: O que aconteceu?
- Thays: ... Aconteceu algo com o Thalis. A notícia que recebemos é que ele está na ambulância devido a um acidente.































   Foi um murro tão certeiro que fez o meu mundo parar. Todas as minhas estruturas que eu acreditava serem fortes e estáveis não conseguiram suportar esse peso... Não podia ser verdade! Isso só não passava de uma brincadeira dele! Eu tinha certeza de que ele iria pegar o telefone e falar “É brincadeira morzão!!”, mas, por mais que eu negue, e por mais que minha ficha não tenha caído, era verdade! O Thalis havia sofrido um acidente e não conseguiu resistir a isso.
   O pior de tudo é que você não pode fazer nada, e a sensação de incapacidade é esmagadora! Eu queria fazer algo! Eu queria sair a procura dele, na inútil esperança de encontrá-lo, eu queria ter tido a chance de o ver pela última vez, e eu queria salvá-lo de algum forma!
   Minha inquietação, minha ansiedade, era notável, mas de tanto andar de um lado para o outro acabei por deixar-me cair no limbo, sem rumo e sem objetivo... Pareceu até que a vida tinha perdido todo o sentido!

O que me restara? Apenas... Chorar... E em toda a minha vida, eu nunca chorara tanto.

   E por mais que eu chorasse, por mais que eu quisesse sair à procura dele, por mais inquieto que eu estivesse, e por mais que eu implorasse A Vida para reverter a situação (com a desculpa de que já havia entendido que dói muito perder alguém importante), absolutamente NADA, N-A-D-A em todas as suas letras, iria trazer ele de volta, e não existe dor maior que essa!


   Estava com esse texto prontinho só para anunciar a vocês que estaria completando meu primeiro mês de namoro e mostrar ao meu “morzão” que tinha feito um texto só para ele em meu blog, mas não! Eu tive que mudar esse texto inteiro só para desabafar ao mundo de como o que aconteceu havia me deixado com uma ferida latente muito grande e em como ela dói.
   Tudo o que eu mais queria agora era ter uma última oportunidade de falar com ele, tudo o que eu queria era ter a chance de dar um Adeus a ele. Coisa simples como: Thalis, te conhecer foi uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida, mas já que não está sendo possível ficarmos juntos por mais um tempinho, eu só quero que você procure ser feliz aonde quer que esteja! Adeus Thalis!
   ... Mas a vida, além de o ter tirado a força, não me deu essa oportunidade!



Thalis,só queria que você soubesse o quanto eu gosto de você e o quanto sinto sua falta! Sei que nunca mais poderei conversar contigo ao telefone, que nunca mais vou poder te abraçar bem forte, ou te beijar, ou simplesmente sentir seu cheiro, e isso está sendo muito pesado para poder aguentar.
Todos os meus objetivos e planos para com a nossa relação foram destruídos, não sobrando absolutamente nada! Só o que me restou de você foi a aliança que me destes com tanto carinho, mas isso não está sendo o suficiente. Posso estar sendo egoísta, mas a verdade é que quero você ao meu lado! Ainda não consegui aceitar a ideia de que nunca mais te verei enquanto vivo.

Com certeza não está sendo difícil só pra mim, mas sim para todos que conviviam com você! Estamos sentido sua falta e está sendo difícil conviver com isso.
Mas saiba que continuo lhe desejando o melhor possível, e que só quero que você esteja bem em algum lugar, pois o seu bem-estar era o que eu mais desejava, e a sua felicidade sempre será a minha. Sei que você ficaria feliz ao ver que fiz um texto com tanto carinho só para você em meu blog.
Você foi uma pessoa maravilhosa e que marcou a vida de cada um que conheceu, e como meu primeiro namorado eu só poderia dizer que você é insubstituível. Relação melhor que a que tivemos é impossível e inexistente.

Não sei quanto tempo vai demorar até que eu me acostume com a ideia de que você nunca mais irá me mandar um “Bom dia morzão!!”, ou que você nunca mais irá me ligar para madrugarmos a noite inteira ao telefone. Só o que me resta a fazer é realizar o que parece impossível: dar-te um Adeus...
.
Que fique aqui registrado nossas despedidas ao telefone, pois essa é a única forma que consigo fazer isso:


-CR: Morzão?
- Thalis: Oi?
- CR: Lindão, maravilhoso?
- Thalis: Diz...
- CR: Gatoso, anjo caído?
- Thalis: Fala...
- CR: ...Vou dormir morzão.
- Thalis: Owwwww!!... Tá bom!
- CR: Gosto muito de ti viu?
- Thalis: Só muito?
- CR: Muitãozãozão!!
- Thalis: Também gosto muitãozãozão de ti!
- CR: Tá bom meu lindo... Só meu?
- Thalis: Só seu! Só meu?
- CR: Só seu!... Boa noite meu lindo, dorme bem e bons sonhos!
- Thalis: Boa Noite, e sonhe comigo!

- CR: Sempre sonharei contigo!



Amo-te, e nunca me esquecerei de você!



Atualização Dezembro 2022: Havia uma foto e um vídeo homenagem que tinha feito na época, mas por hoje eu decido não mais expor essa pessoa que foi tão importante em minha vida. Depois de alguns anos na era da internet a melhor e mais respeitosa coisa que posso fazer para com ele é manter a sua identidade em vida somente para com todos que compartilharam com ela.
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