No fim de tudo é sempre isso que
nos sobra: Lembranças...
Todos
possuem medo de algo e isso é um fato. Apesar disso, meu medo nunca foi de algo
materializado, algo que eu pudesse tocar ou sentir, mas sim de algo totalmente
o contrário, algo abstrato, que se encontra presente em nós e em praticamente
tudo ao nosso redor: O Tempo.
O Tempo
é algo inevitável e uma das formas que percebemos a existência dele é quando,
por exemplo, vemos coisas simples como uma planta crescer, quando vemos nossa
imagem refletida no espelho, ou quando olhamos fotos nossas de uma época que já
se fora. Sim, é aí que percebemos o que o tempo nos ocasiona e o quanto ele nos
faz vulneráveis, e, para ser sincero e mais específico, é disso que tenho medo:
de envelhecer.
Não. Não é porque os anos tomarão a jovialidade de minha pele, ou porque estarei
mais “próximo” de minha morte, mas a imagem que possuo das pessoas que tem uma
idade avançada é a de que são pessoas cheias de lembranças, e lembranças, de
certa forma, doem. Esse é meu medo: De tornar-me uma pessoa velha cheia de
lembranças.
Não. Não que eu queira viver do meu passado, mas é inevitável você não sentir
saudades daqueles bons momentos. Sim, sim, agradeço e fico feliz por ter vivido
esses momentos, mas, de certa forma, ‘érr’ complicado dizer Adeus.
Apesar
disso, não acho que seja necessário chegar à idade avançada para sentir isso, pois olhem para
mim: Já possuo 17 anos (em breve 18) e já estou sentindo um pouco do peso das
lembranças.
Lembrar-me dos bons momentos me dá saudades. O
problema é que saudades é uma coisa que você guarda e não pode mais “usar”. Foi
bom e é bom se lembrar, mas não dá mais para vivenciar.
Apesar
de tudo, poderia eu “suprir” essa saudade dando um “Olá, tudo bem?” para quem
ainda está aqui, mas para quem já se foi isso não é possível. A Morte de alguém
especial é algo que te tira da sua zona de conforto e ainda vira ela de cabeça
para baixo, ou seja, te deixa sem chão. Além disso, ela quebra toda a sua
rotina, por isso que primeiramente torna-se tão dolorosa essa perda,
principalmente quando ela é tão repentina.
Aceitar
esse fato é complicado, mas mais complicado ainda é que você, de alguma forma,
e não importa como, vai ter que recomeçar, vai ter que reconstruir toda essa
zona de conforto novamente e, além disso, vai ter que se conformar de que essa
nova zona, essa nova rotina que se pretende construir, é na ausência desta
pessoa.
Sim, funciona mais como um exercício de
desprendimento.
Desprendimento: No começo de tudo pensar nisso é o que mais dói, ou, melhor ainda, é o
impensável, pois estamos tão atrelados, tão juntos, a essa pessoa que não
aceitamos de forma alguma que ela se vá. Somos até mesmo capazes de mover céus
e montanhas para trazê-la de volta aos nossos braços, mesmo que isso não seja
possível.
Apesar
disso, existe um ponto-chave, uma “salvação” (será mesmo essa palavra?), que se
chama Tempo. Sim, é ele que mais uma vez se torna presente em nossas vidas. Ademais,
vejo que a maioria das pessoas possuem uma interpretação “errada” entre essa
relação do tempo e desprendimento:
“Não meus caros leitores, não esperem que o tempo venha a melhorar
tudo, porque ele não vai! A única coisa que ele vai fazer é distanciar você
dessa pessoa especial, e isso é feito a medida que ele vai passando.
Entendam que o tempo, de certa forma e assim como a Morte, é indiferente
para todos. Ele não vai te trazer felicidade, assim como ele não vai te trazer
tristezas. Ele não faz justiça e não é injusto. Ele apenas irá passar!”
Não
estou sendo cruel, pessimista, ou coisas do tipo! Apenas entendam o meu ponto
de vista: A presença dessa pessoa esvai-se na medida em que o tempo continua, e
é isso que faz você “melhorar”, pois você se “acostuma” com a ausência dessa
pessoa, ou melhor, você esquece, abandona, toda a rotina antiga (em que nesta a pessoa se encontrava presente) e aos poucos cria uma nova, que no qual essa
pessoa não se encontrará presente.
E o que
nos resta? Bom... A mesma coisa que disse no começo desse texto: Lembranças de
um tempo vivido que se foi há muito tempo. Se eu, o CR, devo ter medo de
tornar-me um velho cheio de lembranças? Talvez sim, talvez não, mas não
importa, afinal, isso faz parte da Vida, isso faz parte da sua beleza estranha,
mas única! Pessoas vêm e vão, assim como amores vem e vão, e A Morte não se faz
necessária para que isso aconteça.
Querem saber de uma verdade? A Vida é um grande processo de abrir mão,
e não esperem que ela lhes deem a oportunidade de dizer um ‘Foi bom te
conhecer’. Pode ser doloroso não ter essa, mas apenas sintam-se felizes por
ainda terem tido a oportunidade de ter conhecido uma pessoa tão especial.
No fim das contas um dia tudo isso acaba para todos nós, e, quem sabe,
talvez nos reencontremos novamente em algum outro lugar, afinal, isso pode não
ser provável, mas continua sendo uma possibilidade.
Abraços do CR!!