Não, não havera
nada de especial nesta manhã que acordei. O céu não aparecera mais azul, o sol
não nascera mais brilhante e o dia talvez seja como qualquer outro da minha
longa e normal rotina. Que chatinho...
Apesar disso, levanto-me
e olho-me no espelho. Vejo-me e toco-me como se não me reconhecesse. De alguma
forma não conseguia me identificar. Era estranho a mim mesmo. Será? Nem parece
verdade... Eu realmente estou envelhecendo.
É bem
provável de que o clarão tenha sido a primeira imagem que viera aos nossos
minúsculos olhos. Passamos tanto tempo dentro de um quarto escuro que no
primeiro sinal de luz mal conseguimos olhar diante de tanta claridade. “Olá
mundo”, “Aonde eu estou?”, “O que está acontecendo?”, e entre outras tantas variadas
frases e perguntas talvez tenhamo-nos feitos naquele momento, ou mesmo nenhuma.
Indago-me:
Por que choramos quando nascemos? Ou melhor: Por que temos de nascer!? Aposto que
estávamos tão relaxados e bem acomodados naquele pequenino lugar que acredito
que não houvesse tanta necessidade de sair dali. Era silencioso, escurinho e bem reconfortante. Nada nos incomodava.
Apesar disso, e se vermos por um lado, talvez seja essa a resposta para a primeira pergunta. Sabemos o quão difícil é sair da nossa zona de conforto, e foi tão difícil para nós no começo que simplesmente choramos.
Apesar disso, e se vermos por um lado, talvez seja essa a resposta para a primeira pergunta. Sabemos o quão difícil é sair da nossa zona de conforto, e foi tão difícil para nós no começo que simplesmente choramos.
De
alguma forma, parece que naquele momento perdíamos toda aquela proteção que
nossa querida mãe nos oferecia, e que a partir dali estaríamos mais vulneráveis
ao que está fora... Não, não posso tratar apenas como uma suposição. Realmente
perdemos essa proteção e ficamos mais vulneráveis no momento em que nascemos.
Vendo
assim, a verdadeira frase que realmente devemos ter pensado naquele momento fora:
“Eu não estou preparado”
Pois não nascemos prontos para viver, e choramos, pois, mesmo sendo assim, não tivemos
a opção de escolher.
Frente
a este momento, a primeira vista, tão desesperador, porque teríamos esperança? Não
tivemos motivos para tal! Até que, para a nossa felicidade, quando vamos em nossa primeira
procura por uma base, sentimos, em nossas pequeninas mãos, um dedo! Sim, um
dedo! Um dedo que um pouco mais tarde se tornaria uma mão. Mão esta que nos
guiaria por um curto, mas longo período de nossas vidas.
E é com
essas duas pessoas (e não mais mãos) que vamos crescendo com o passar do tempo.
Tudo até que fica mais “fácil”! Tão fácil que até chegamos a conclusão que A Vida lá fora não é tão complicada e difícil como imaginávamos que seria dentro do útero, e que ela é até mesmo mágica!
Eu sou um Monstro! Rhooaaar! E você deve fazer o que eu mandar!
É com
essa magia e fantasia que norteamos o nosso rumo. Lutamos contra cavaleiros e dragões, salvando,
assim, a pátria! Viramos Os Heróis! Tornamo-nos As Super-Crianças! Somos pequenos príncipes
e princesas que reinam o mundo fantástico.
Impressionante
o quanto inocentes somos ao ponto de acharmos que o amor de pai e mãe é o único que existe, e que se apaixonar por outro é motivo o suficiente para ficarmos todos vermelhinhos de
vergonha, principalmente quando ficamos, pela primeira vez, de mãos dadas!
A verdade é que temos
coroas e espadas e absolutamente nada pode nos derrotar! ...
Nada?
E é aí que tropeçamos numa pequena, pequenina
pedrinha, e machucamos nossos joelhos. “Mãe, Pai!” são os primeiros nomes que
gritamos (isso se já não estivermos sentados aos choros e soluços no chão).
Para nos acolher esses chegam de braços abertos , mas, para a nossa infelicidade,
com o famoso Merthiolate em mãos.
“Ai Mãe, tá doendo!”
“É, mas vai passar”
Ironicamente é dessa forma que vamos aprendendo a conviver com a dor. Vemos que não adianta sentar e chorar. A dor é grande e uma lágrima ou outra é
aceitável, mas com um pouco de Merthiolate e com um pouco de coragem e
disposição devemos nos levantar.
Notavelmente é assim que vamos crescendo, e, inevitavelmente,
endurecendo. E são esses “mentes” que, infelizmente, nos tornam cada vez menos
príncipes e princesas.
De
repente, as coroas e as espadas que tínhamos não existem mais. Os dragões se tornaram moinhos de
ventos e não salvamos mais a pátria. O amor e a paixão? Sim, existem... Não... Pensando bem, corrijo! Não é que os primeiros deixaram de existir e que o último continua
existindo, mas a verdade é que agora estes se transformaram!
"Não discorde de mim!
Eu sei a verdade!"
"Eu posso cuidar de mim mesmo!"
"O mundo está em minhas mãos e não venha querer me impedir de viver,
pois Eu Sou Jovem!"
(Isso me faz lembrar até mesmo de algumas partes da famosa música de Renato Russo, "Pais e Filhos").
E é nessa autoridade que vamos guiando nosso rumo. Passamos a acreditar fielmente que agora somos adultos e donos do próprio nariz. Príncipes e Princesas? Não mais! Somos Reis e Rainhas que mandam e desmandam a hora que bem quiser, e o nosso reino não é mais o mundo fantástico, mas o próprio mundo.
E é nessa autoridade que vamos guiando nosso rumo. Passamos a acreditar fielmente que agora somos adultos e donos do próprio nariz. Príncipes e Princesas? Não mais! Somos Reis e Rainhas que mandam e desmandam a hora que bem quiser, e o nosso reino não é mais o mundo fantástico, mas o próprio mundo.
É
engraçado, pois quem disse que a vida perde a magia depois da infância? Quando
somos jovens, A Vida, na verdade, fica sem limites. É um universo sem fim a ser
explorado por viajantes sedentos por novidades. O impossível se torna realidade
nas mãos destes desbravadores. A Vida, até mesmo, ganha mais sentido!
Mais
engraçado ainda é que a jovialidade é esse misto de autoridade e insegurança.
Primeiro Beijo, primeiro namorado(a), primeira transa, primeiro “porre”, e
outras tantas primeiras vezes são coisas simplesmente fantásticas para nós, mas
que levaram tempo até serem realizadas, afinal, o medo do que é novo existe.
Claro
que, sendo Jovens, não deixamos esse tomar conta, pois, independente disso, mesmo com tanta
inexperiência, continuamos sendo os “Ban-Ban-Bans” da área. Sabem porque?
Porque agora somos Os Super Jovens!
Invencíveis
É...
Invencíveis...
“Filho, não vá por
aí”
“Filho, você vai se
arrepender”
Consideramo-nos
tão impossíveis ao ponto de revoltarmo-nos quando aquela mão (sim, aquele
antigo dedo) vem querer nos dar uma forcinha, ou querer nos guiar pelo caminho
que acredita estar certo.
Não
queremos isso! Queremos caminhar com as nossas próprias ideologias! E quando
não nos damos mal com o caminho que escolhemos, zombamos dos que disseram: Está
errado... O problema é quando realmente erramos.
Ou
somos jovens o suficientes para se esconder em um canto do nosso quarto e
chorar escondido, ou somos adultos/crianças (e é essa ideia paradoxal mesmo) o
suficientes para reconhecer nossa queda, e voltar, de cabeça baixa, para
aquelas mãos, para aqueles braços que, por incrível que pareça, nos recebem mais uma vez abertamente. Sem Merthiolathe, e sem dores, mas com um abraço bem apertado, provando-nos que "sempre" estarão ali.
Falo
que os primeiros são jovens por terem um ego tão alto ao ponto de se
“desumanizar”, pois a lágrima (para muitos que estão nessa época) é sinal de
fraqueza, e a última coisa que querem é se verem como “fracos”.
Digo
“crianças” por reconhecermos de que ainda não somos maduros o suficientes para
a vida, e de que ainda precisamos daquelas mãos. E digo adultos por aceitarmos que, naquele momento, realmente erramos.
O misto de autoridade e insegurança é, na verdade, um misto de ser criança e ser adulto.
Acredito
que o que nos faz jovens é esse ego alto e esse "autoritarismo", pois, mesmo nessas quedas, continuamos, aos
nossos olhos, sendo IN-VEN-CÍ-VEIS...
... E
realmente somos! Qual graça teria a vida se não fosse por esse sentimento de
jovialidade, por essa sensação de invencibilidade? De viver e aproveitar o
agora, deixando o depois para o depois?
Por um
momento, por um pequeno momento, até somos Imortais! Mas, infelizmente, somos assim só por um curto período, pois é quando saímos de nossos ninhos, e não temos mais aquelas mãos, aquele dedo, para nos acolher e guiar, que notamos o quão vulneráveis, mortais, somos.
Melhor dizendo: É quando notamos que não somos mais tão jovens assim que percebemos a nossa fraqueza.
Melhor dizendo: É quando notamos que não somos mais tão jovens assim que percebemos a nossa fraqueza.
Eis mais um fato da vida: O dedo que seguramos tão fortemente quando nascemos não existirá para sempre.
Não,não estou falando apenas do momento em que estes irão embora, mas estou falando principalmente de quando deixamos de ser aqueles mistos e passamos a realmente ser responsáveis por si mesmos, ou seja, quando nos tornamos adultos.
Mesmo que não queiramos, é inevitável. Não seremos jovens para sempre. Sim, irá acontecer mais uma vez! Assim como o nosso começo, quando nos tornarmos adultos, seremos arrancados da nossa zona de conforto, do nosso quartinho.
Infelizmente, a partir deste fato, quem nos guiará não será mais aquele dedo, mas as mãos da Vida. A única diferença da vez em que nascemos é que a frase “Eu não estou preparado” é opcional.
Não,não estou falando apenas do momento em que estes irão embora, mas estou falando principalmente de quando deixamos de ser aqueles mistos e passamos a realmente ser responsáveis por si mesmos, ou seja, quando nos tornamos adultos.
Mesmo que não queiramos, é inevitável. Não seremos jovens para sempre. Sim, irá acontecer mais uma vez! Assim como o nosso começo, quando nos tornarmos adultos, seremos arrancados da nossa zona de conforto, do nosso quartinho.
Infelizmente, a partir deste fato, quem nos guiará não será mais aquele dedo, mas as mãos da Vida. A única diferença da vez em que nascemos é que a frase “Eu não estou preparado” é opcional.
Feliz
para os que dizem “Eu estou preparado para viver”, mas triste para os que
continuam despreparados. Felizmente, ou infelizmente, quem vos ensinarás agora
é A Vida, e, como soubemos quando caímos daquela pedrinha, aprender com esta dói.
Então, pergunto-lhes mais uma vez: Um novo mundo se abre e desta vez realmente estamos a sós,
então, porque ter esperança frente a este momento tão desesperador?
Cabe a cada um dar sua resposta, mas a minha é bem simples:
Cabe a cada um dar sua resposta, mas a minha é bem simples:
Não deixar esse
espírito jovial, invencível e indomável, se extinguir!
Caros leitores, vejam que narrei uma história em que nascemos e somos guiados por nossos
pais até o momento em que realmente temos de voar do nosso doce e querido
ninho, mas o real nem sempre funciona assim.
Nem
sempre aquelas mãos, aquele dedo, se farão presentes por motivos diversos (da
perda até o abandono).
Também há
aqueles que não tiveram sequer a oportunidade de abrir os olhos pela primeira vez.
E
aqueles que, de certa forma, ficaram presos no tempo. Jovens que eternamente
serão Jovens.
Mas, notem, nem por isso esses ou aqueles deixaram de conduzir sua vida, de viver,
afinal... São Jovens! Jovens demais
para se preocuparem com o amanhã, indomáveis demais para simplesmente pararem,
e invencíveis demais para simplesmente serem mortais!
Sempre repeti aqui no blog: A vida não é um mar de flores. E ainda digo mais: A vida, na verdade, é um grande processo de abrir mão das coisas. Ela é inconstante, sempre a querer se movimentar e mudar.
Em toda ação há uma reação, e entendo que cada um tem sua forma única de responder e solucionar a essas cristas e vales da Vida. Não quero dizer que a solução é ser Jovem para sempre, mas também não quero e não posso deixar o meu Jovem e o meu Príncipe morrerem só porque estou envelhecendo.
Em toda ação há uma reação, e entendo que cada um tem sua forma única de responder e solucionar a essas cristas e vales da Vida. Não quero dizer que a solução é ser Jovem para sempre, mas também não quero e não posso deixar o meu Jovem e o meu Príncipe morrerem só porque estou envelhecendo.
Para
mim, a verdade é que a vida fica mais bela quando não deixamos que ela
nos endureça tanto, ou seja, quando não deixamos nosso espírito jovial se extinguir.
Acredito que ela deva ser esse misto de ser novo e ser velho, que deva ser mágica, idealizada, e palpável, real, e também esse paradoxo
de mortalidade e imortalidade. Em fim, que ela tenha equilíbrio entre o Ser Jovem e o Ser Adulto.
Sejamos Jovens, infinitos, indomáveis, invencíveis e o tanto de "ins" que você puder imaginar! Viajantes desbravadores, príncipes(as) e Reis/Rainhas! E que tudo seja belo e mágico como as nossas primeiras vezes!
Super - Jovens!
Dezoito aninhos
Olho
para trás e vejo o tanto de experiências que acumulei. Vejo o além, e, ao mesmo
tempo em que sinto medo, sinto curiosidade e disposição para continuar
caminhando até onde o acaso ou o destino deixarem eu ir.
Por
fim, olho-me e, agora sim, me reconheço: Este sou eu! Ainda jovem,
mas entrando para a vida adulta.
Simplesmente CR!
Esse ano a música e o vídeo que escolhi refletem bem o que quis passar. É da banda da minha vida, a mais preciosa pra mim: Sigur Rós.
(A tradução do título "Hoppípola" é "Saltando em poças")
Parece
que o “Devaneios de um Jovem Gay”
nem será mais tão jovem assim...
Não!
Corrijo! (Risos). Não quero, não pretendo, e não vou deixar o jovem em mim
simplesmente se desvanecer.
Um Feliz Aniversário para
mim!
Abraços do CR!!