sábado, 10 de agosto de 2013

Assumindo-me para minha Mãe

   Antes de tudo vou logo pedindo desculpas por não ter postado algo durante essa semana, e sim só agora. Estava estudando para as provas de 2º chamada e tinha que estudar. Desculpem-me.


   Faz pelo menos uns dois meses atrás que venho prometendo narrar esse fato aqui no blog, e finalmente vou falar o que basicamente ocorreu. Além de mostrar algumas conclusões minhas quanto a isso.





   Às vezes me pergunto: Por que preciso chegar para os meus familiares e falar: “Olha, eu sou gay!”? Eu não vejo os meus amigos, que são héteros, chegarem tanto para os seus pais quanto para as suas mães e dizerem que são héteros.
   Tudo bem, entendo que homossexualidade ainda é um tabu para muitos e que se torna necessário trazer essa realidade para quem convive com você, mas isso é um porre! É muito chato você ter esse trabalho de se assumir para a família.
   Será mesmo que é necessário ter de trazer essa realidade para a minha família? Poderia simplesmente apresentar meus possíveis namorados e “petê saudações”, pois não são tanto eles quanto meus amigos que vivem dizendo que devo guardar minha sexualidade apenas para mim?
   Mas não, aqui estou eu vivendo minha sexualidade abertamente (e uma prova disso é meu próprio blog, pois todos que me conhecem, conhecem esse blog) e aqui estou eu assumindo-me para a minha família (parte de mim não queria trazer essa realidade e a outra parte de mim queria, ou seja, quase que obrigatoriamente), respeitando e indo contra, na maioria das vezes, à opinião de todos.


   Querem saber a verdade? Não me assumi para minha mãe porque eu quis, ou porque ela descobriu, ou coisa do tipo, mas sim porque me senti pressionado a isso.
   Como foi? Já fazia um tempinho que algumas pessoas vinham me perguntando se eu era assumido para os meus pais e quando eu ia me assumir. Em um belo dia estava deitado na cama junto a minha mãe, e estava passando uma notícia sobre casamento igualitário, e, aproveitando a deixa, pergunto a opinião dela quanto a isso. O que ela respondeu?
   “Eu apoio, mas tenho medo de estar indo contra os ensinamentos divinos.”

   Depois de um tempinho conversando veio aquela puta pergunta: “E as meninas CR? Tá gostando de alguma?” ... Até tentei evitar isso, mas acabei falando:
   “Posso te falar uma coisa? Eu não gosto de garotas”.


- Sério que você falou isso CR?
   Sim. Ela falou que vai continuar me amando, que isso vai independer do jeito que ela olha pra mim, e que ela se importa com o meu futuro e não com quem eu vá namorar. Particularmente fiquei muito feliz ao ouvir isso, mas bastou passar um tempinho que ela começou com umas histórias: “É só uma fase”, “Você precisa ir a um psicólogo, pois isso é uma confusão na sua cabeça”, etc.
   Fiquei sabendo que no dia seguinte ela chorou bastante conversando com o meu primo (que também é gay) achando que tem culpa por eu ser assim, se perguntando o que ela fez de errado, etc, etc, etc. Além disso, uma coisa que percebi é que ela presa tanto a sua imagem quanto a do meu pai, além da minha. Ela se preocupa com o que os outros vão falar de mim, com o que os outros vão falar dela e com o que os outros vão falar do meu pai.

   Não quero ser ingrato, chato, ignorante, incompreensível, egoísta, ou coisa do tipo, entendo que cada um possui seu tempo, mas você não sabe o quanto é chato você ver que a sua mãe tem limitações para conversar normalmente com você quanto a sua sexualidade, não sabe o quanto é chato é saber que ela chega para o psicólogo dela, para a minha pediatra (ainda não sou adulto, Rs!), para um amigo(a), ou para alguém que ela conhece, usando as palavras:
   “Ele tá com uma história de viado, de ser viado.”.
   (Dá-me nojo (sim, nojo), ouvir minha mãe citando essa palavra: Viado.)
   E não sabe o quanto é chato ver que sua mãe pede pra você esconder sua sexualidade, voltar para o armário, para que as pessoas não falem mal tanto de mim quanto da minha família.

   Não sei, mas começo a duvidar se é resolução para a sua vida abrir sua sexualidade para sua família. Como disse, entendo que cada um tem seu tempo, ou seja, é tudo uma questão de convivência, adaptação e tempo.

   O que eu podia fazer já está feito.


Abraços do CR!!
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